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quarta-feira, 30 de maio de 2012

O ódio a Lula

O BRASIL JÁ CULTIVOU RESSENTIMENTOS IRRACIONAIS EM RELAÇÃO A GETÚLIO, JK, JANGO E, AGORA, AO METALÚRGICO QUE AINDA É A PRINCIPAL FORÇA POLÍTICA DO PAÍS 28 de Maio de 2012 às 22:53 Leonardo Attuch Teve início, neste fim de semana, um movimento organizado de ataque ao ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Primeiro, a reportagem sobre a suposta chantagem exercida por ele contra Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, para adiar o julgamento do mensalão, já desmentida pelo anfitrião do encontro, Nelson Jobim. Depois disso, críticas espalhadas pela rede sobre o comportamento indecoroso de Lula diante das instituições e até ironias relacionadas ao uso de remédios para o tratamento contra o câncer na laringe. Por fim, vozes mais radicais cobrando até a prisão do ex-presidente. Por que será que Lula, depois de oito anos de governo, tendo deixado o Palácio Planalto com recordes de aprovação, tanto junto ao povão quanto às elites, que se tornaram ainda mais ricas, desperta tanto ressentimento? A resposta é uma só: goste-se ou não dele, Lula ainda é a principal força política do Brasil. E é uma força viva, que pode voltar ao poder em 2014 ou em 2018. Mas essa seria uma análise objetiva, dos que fazem cálculos frios nos jogos de poder. Ocorre que o ressentimento em relação a Lula, muitas vezes, é irracional. Como pode um retirante, metalúrgico, sem educação formal ter chegado tão longe? É isso que incomoda boa parte da classe média brasileira. Sentimentos assim já houve no passado em relação a outros líderes políticos, como Getúlio Vargas, João Goulart ou mesmo Juscelino Kubitschek. Os paulistas odiavam Getúlio e nunca lhe deram um nome de avenida. Mas poucos fizeram tanto pela industrialização do estado, que começou a se libertar do atraso cafeeiro, como o líder trabalhista. Os militares também odiavam JK, mas, no poder, tentaram reproduzir sua visão de “Brasil Grande”. E os que vierem depois de Lula, de certa forma, serão escravos do seu modelo de inclusão social. Por mais que o critiquem, Lula não será abatido por seus detratores. Até porque, até aqui, ele foi um democrata. E resistiu à tentação do terceiro mandato, quando teria totais condições de se perpetuar no poder. ódio

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Assinaturas dos contratos com a Anac é adiada

Valor Econômico 25/05/2012 Assinaturas dos contratos com a Anac é adiada Por André Borges e Fábio Pupo | De Brasília e São Paulo Dificilmente ocorrerão mudanças na composição das sociedades de propósito específico (SPEs) que administrarão os aeroportos de Campinas (SP), Guarulhos (SP) e Brasília (DF) até a assinatura dos contratos de concessão. Anteriormente prevista para hoje, a cerimônia de concessão deverá ocorrer até o dia 31, com a presença da presidente Dilma Rousseff. Chegou a ser ventilada a hipótese de que Dilma poderia aproveitar a cerimônia de assinatura dos contratos para anunciar os novos prazos para concessão dos aeroportos de Confins, em Minas Gerais, e do Galeão, no Rio de Janeiro. Essa possibilidade, no entanto, já está praticamente descartada por lideranças do governo que atuam no setor. A avaliação no palácio é de que uma eventual oficialização de planos poderia gerar apenas um aumento de especulação no mercado. Ontem foi encerrado o prazo para a entrega de documentação dos três consórcios à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Segundo uma fonte próxima à agência, todo material necessário foi encaminhado pelas empresas. Quanto à composição dos consórcios, há pouca probabilidade de mudança antes da assinatura - já que as alterações podem encontrar entraves jurídicos. Segundo Rodrigo Pinto de Campos, especialista em direito regulatório e infraestrutura do Aidar SBZ Advogados, a lei de licitações (8.666/93) impede mudanças de composição societária nos consórcios vencedores antes das assinaturas dos contratos, que estão previstas para o dia 25. "Um estranho [à sociedade] não pode assinar o contrato. Traria muita insegurança jurídica ao ambiente aeroportuário", afirma. Além dos obstáculos da legislação, as empresas dão sinais de estar pouco interessadas nas mudanças. No caso do aeroporto de Viracopos, que teve o resultado mais contestado pelos concorrentes, alterações são completamente descartadas pela consórcio vencedor. Segundo um executivo da SPE, já há capital suficiente para os investimentos necessários. "Não vejo possibilidade, espaço nem necessidade de novos integrantes, nem antes da assinatura e nem depois". Segundo ele, a composição continuará sendo de 45% da Triunfo Participações e Investimentos (TPI), 45% da UTC Participações e 10% da operadora francesa Egis. Essas participações serão reduzidas a cerca da metade na formação da sociedade de propósito específico, graças à Infraero - que terá 49% da concessão dos aeroportos, conforme estabelecia o edital. Vencedor do projeto de Campinas, o Aeroportos Brasil foi o consórcio mais criticado depois do leilão ocorrido em 6 de fevereiro, por dois motivos. O primeiro se baseava no nível de endividamento de uma das líderes, a Triunfo, de 3,32 (dívida líquida sobre Ebitda). Outro ponto de contestação foi a capacidade de administração da francesa Egis, que foi alvo de recurso do segundo colocado na disputa pelo aeroporto, a sociedade liderada pela Odebrecht (Consórcio Novas Rotas). Só um dos terminais do portfólio da francesa ultrapassava o número mínimo de movimentação exigido pelo edital, e ainda um onde ela tem uma posição minoritária. No entanto, a Anac já havia esclarecido que, mesmo com participação minoritária nesses aeroportos, as empresas estariam habilitadas. Segundo uma fonte do consórcio que levou o aeroporto de Brasília - Engevix (50%) e a argentina Corporación América (50%), não haverá mudanças de participação agora e nem é de interesse de ambas que haja posteriormente. No caso do aeroporto de Guarulhos, porta-voz do grupo vencedor (Invepar, com 90%, e a operadora sul-africana ACSA, 10%), não foi encontrado para comentar o assunto.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Greve no transporte público continua em 6 capitais do País

22 de maio de 2012 • 09h45 Cerca de 1,2 milhão de pessoas continuam enfrentando problemas com a greve no transporte público em seis capitais do País - São Luís (MA), Natal (RN), Maceió (AL), Belo Horizonte (MG), João Pessoa (PB) e Recife (PB). A situação mais complicada é em São Luís, onde 100% do transporte rodoviário está parado desde ontem. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Maranhão, Dorival Sousa da Silva, a categoria adiou a assembleia prevista para a manhã de hoje. A nova data ainda está indefinida. "Havia um tumulto de veículos na região onde faríamos o encontro e como não tínhamos nada de novo para apresentar, optamos por suspender. Quando tivermos algo, faremos a convocação", explicou. Ontem, a presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Maranhão (TRT-MA), desembargadora Ilka Esdra Silva Araújo, declarou a ilegalidade e abusividade da greve, em razão de descumprimento da decisão de antecipação de tutela requerida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Também determinou a aplicação de multa diária de R$ 40 mil contra o sindicato da categoria e autorizou os empresários a demitirem os grevistas por justa causa e contratarem outros trabalhadores. Foi aplicada ainda multa de R$ 10 mil contra o sindicato pela paralisação da última sexta-feira, ocorrida, segundo informações da Secretaria Municipal de Trânsito de Transportes (SMTT), das 9h às 12h. Na mesma decisão, a desembargadora solicitou, junto à Polícia Federal, a instauração de inquérito para apuração do crime de desobediência à ordem judicial e perturbação da ordem pública. "A greve vai continuar mesmo assim. Estamos sofrendo com prejuízos desde o ano passado. E quero ver hoje os empresários encontrarem no mercado cerca de 100 motoristas disponíveis para trabalhar com a carga horária e o salário que nos é oferecido", rebateu o presidente do sindicato. Na semana passada, a presidente do TRT-MA concedeu, em sede de antecipação de tutela, reajuste salarial de 7% aos rodoviários e determinou a suspensão imediata da greve que havia sido iniciada pela categoria na terça-feira. A categoria, que pleiteia 16% de reajuste, conta com cerca 7 mil funcionários em São Luís. O setor transporta, por dia, aproximadamente 700 mil pessoas. Transporte ferroviário A greve dos funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) completa uma semana nesta terça-feira. O transporte ferroviário nas cinco capitais - Natal, Maceió, Recife, Belo Horizonte e João Pessoa - está sendo feito com 30% da capacidade e em horários especiais nos momentos de maior movimento. O secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias no Estado da Paraíba (Sintefep-PB), José Antonio de Oliveira Ferreira, informa que a categoria espera uma manifestação da CBTU, que até agora mantém a proposta de reajuste de 0%. "Nos chamaram na sexta, no Rio de Janeiro, para nada. É uma intransigência por parte do governo, que não quer nem negociar a inflação do período. Vamos ver se até o final do dia haverá um novo contato", espera. A paralisação segue por tempo indeterminado. Os trabalhadores reivindicam reajuste salarial de acordo com o índice do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese); plano de saúde integral; participação nos lucros e resultados e adicional noturno de 50%. São Paulo, Rio e Porto Alegre O Sindicato dos Metroviários de São Paulo fará hoje, às 18h30, uma assembleia. A categoria aprovou na semana passada a greve prevista para começar nesta meia-noite. Entre as reivindicações, estão 5,13% de reajuste salarial, 14,99% de aumento real, vale-transporte de R$ 280,45 e reajuste de 23,44% para o vale-refeição. Hoje, também haverá reunião de negociações entre representantes patronais e o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do Estado do Rio de Janeiro. Ontem, os trabalhadores da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb) fizeram uma paralisação durante 24 horas. O serviço voltou a funcionar normalmente nesta terça-feira.

Jornal do Brasil - Internacional - Irã demite diplomata suspeito de molestar meninas no Brasil

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Jornal do Brasil - Anna Ramalho - Forças Armadas isoladas

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OIT projeta em 12,7% o desemprego de jovens no mundo

Em 2011, porcentual foi de 12,6%; número de jovens que não estudam nem trabalham preocupa a organização 21 de maio de 2012 | 18h 33 Beatriz Bulla, da Agência Estado SÃO PAULO - O número de jovens que não estudam nem trabalham preocupa a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O relatório Tendências Mundiais do Emprego Juvenil 2012, divulgado nesta segunda-feira pela organização, aponta que mais de 15% dos jovens da Bulgária, Irlanda, Itália, Letônia, Romênia e Espanha se encontravam nessa situação em 2011. A OIT afirma que o dado é preocupante, pois o número cresceu rapidamente, especialmente nas economias desenvolvidas, nos últimos anos e representa, com frequência, pelo menos 10% dos jovens. Antes da crise econômica global, em 2007 e 2008, a taxa estava em 10,9% na União Europeia. Em 2010, a taxa nos Estados Unidos já tinha alcançado 15,6% dos jovens e o Japão e a Nova Zelândia apresentavam taxas de 9,7% e 13,1%, respectivamente. A projeção da OIT é de que, em 2012, 12,7% dos jovens no mundo estejam desempregados. Em 2011, o número alcançou os 12,6%. A taxa subiria, no ano passado, para 13,6% caso fossem levados em conta os jovens que abandonam ou adiam a busca de emprego, por conta das perspectivas ruins. De acordo com o relatório, a longo prazo, as altas e persistentes taxas de desemprego juvenil no mundo podem gerar maior risco de desemprego no futuro e de prolongados períodos de empregos instáveis. Isso se daria, entre outras coisas, pela percepção negativa dos empregadores com relação aos jovens que ficaram muito tempo longe do mercado de trabalho.

Presidência do Ipea recrudesce disputa entre PT e PMDB

Autor(es): Por Fernando Exman e Raymundo Costa | De Brasília Valor Econômico - 22/05/2012 As articulações em torno da sucessão de Marcio Pochmann na presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) crescem, à medida em que aumenta a proximidade do fim do prazo para a desincompatibilização dos políticos que disputarão as eleições municipais de outubro e ocupam cargos de direção na máquina pública. Pochmann será o candidato do PT à Prefeitura de Campinas, e espera emplacar um sucessor. O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Moreira Franco (PMDB), também trabalha para influenciar a troca. A negociação para a formação das alianças eleitorais no município paulista deverá pautar as conversas sobre a substituição de Pochmann, num lance em que o PMDB poderá apoiar o petista para obter maior margem de negociação na definição do novo presidente do Ipea. O PT negocia alianças com PMDB e PSB para tentar reconquistar a prefeitura de um dos maiores colégios eleitorais do Estado de São Paulo, município que tenta se recuperar de uma longa crise política que derrubou o prefeito e seu vice devido a denúncias de irregularidades. Até agora, acordo algum foi fechado entre o PT e seus aliados. Nesse cenário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá desempenhar um papel estratégico nas conversas com o PMDB para tentar criar as condições necessárias para impulsionar a candidatura de um acadêmico com pouca experiência administrativa. O presidente do Ipea, orgão vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, tem longa carreira na Academia e foi secretário municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade de São Paulo entre 2001 e 2004. O prazo de desincompatibilização que Pochmann terá de cumprir expira no dia 7. Um dos nomes cotados para assumir a presidência do órgão é o de Vanessa Petrelli Corrêa, diretora de Estudos e Políticas Macroeconômicas da instituição. Sua indicação conta com o apoio de Pochmann, presidente do Ipea desde 2007. Assim como o presidente do Ipea, Vanessa também teve uma passagem pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e deve manter a atual linha de trabalho do órgão, se sua nomeação for confirmada pelo Palácio do Planalto. A diretora de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea formou-se economista pela Universidade Federal do Paraná em 1981 e obteve o título de mestre na Universidade de Brasília (UnB) quatro anos depois. Em 1996, concluiu o curso de doutorado em teoria econômica pela Unicamp. Ela fez depois um estágio de pós-doutorado na UnB e tornou-se professora da Universidade Federal de Uberlândia. Vanessa é especializada em macroeconomia, finanças internacionais e instituições monetárias e financeiras do Brasil. Outro técnico lembrado por autoridades do Palácio do Planalto é Ricardo Paes de Barros, que foi cedido pelo Ipea para assumir a Secretaria de Ações Estratégicas da Pasta chefiada por Moreira Franco. Paes de Barros é ligado ao ministro, e tem tocado diversos estudos de políticas sociais de interesse da presidente Dilma Rousseff. Procurada, a assessoria de imprensa do Ipea não comentou o assunto. Marcelo Fernandes.Cps.

Ministro de Aviação Civil pede PPP para investimentos no setor aeroportuário

Jornal do Brasil 21/05 às 17h33 Agência Brasil São Paulo – O ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, reconheceu hoje (21) a necessidade de aperfeiçoamento no setor aeroportuário e destacou a parceria público-privada (PPP) como forma de ampliar a cobertura da aviação brasileira, que atualmente chega a 79% da população brasileira. Bittencourt participou hoje (21), do 7º Encontro de Logística e Transporte, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O ministro declarou que os investimentos públicos são fundamentais para que o serviço chegue aonde não há interesse comercial. “Temos alguns investimentos que, se o setor público não participar de uma forma competente, certamente a matriz logística de todos os modais não será eficiente”, avaliou, considerando todos os meios de transporte. Ele informou que apenas 129 dos 720 aeroportos públicos existentes no Brasil têm voos operados por companhias comerciais. “É um índice pequeno, tendo em vista que somos um país de proporções continentais”. Em fevereiro deste ano, passaram para a gestão do setor privado os aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, Viracopos, em Campinas e Brasília. A agenda de concessões deve continuar com os leilões dos aeroportos de Confins, em Minas Gerais, e do Galeão, no Rio de Janeiro. Além dos investimentos em aviação, a Fiesp destacou, durante o evento sobre logística, a necessidade de integração dos meios de transporte para diminuir o custo da produção e desenvolvimento do setor produtivo. “Um levantamento da Fiesp mostra que as deficiências no setor de logística correspondem a um desperdício de R$ 17 bilhões por ano. Isso onera o custo do produto para o consumidor”, disse o diretor do Departamento de Infraestrutura da entidade, Carlos Cavalcante.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Privatização do Galeão e Confins decola este mês

BRASÍLIA — A área técnica do governo está se preparando para o anúncio, ainda este mês, da privatização do Galeão e de Confins, durante a assinatura conjunta dos contratos dos três aeroportos já leiloados (Guarulhos, Brasília e Viracopos). Falta só o sinal verde da presidente Dilma Rousseff, que faz questão de dar a notícia, numa cerimônia no Palácio do Planalto. Na próxima semana, termina o prazo dado aos novos concessionários para enviar à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) os documentos pendentes (acordo de acionistas, estatuto da nova empresa e formação de duas Sociedades de Propósito Específico- SPEs, uma do consórcio e outra com a Infraero como sócia) e, assim, concluir a primeira etapa do processo da concessão. A conclusão da primeira etapa era exigência da presidente para incluir novos terminais. Segundo interlocutores, a decisão de conceder Galeão e Confins já havia sido tomada na época dos três primeiros aeroportos, mas Dilma achou melhor fazer a privatização por etapas. Além disso, o plano de outorga dos aeroportos brasileiros, elaborado pela Secretaria de Aviação Civil (SAC) e enviado à Casa Civil, confirma Galeão e Confins como candidatos potenciais à privatização. Pesou na indicação o crescimento rápido dos dois aeroportos e a necessidade de investimentos rápidos para acompanhar a demanda — uma dificuldade que a estatal tem enfrentado, devido às amarras próprias do setor público, como a exigência de licitação, por exemplo e demora na tomada de decisões. A existência de áreas para expansão das atividades também foi outro fator preponderante para a escolha de quais terminais seriam privatizados. Por esse critério, Congonhas e Santos Dumont, disse uma fonte, vão permanecer na rede da Infraero porque não têm espaço para crescer. O fato de serem altamente lucrativos é importante para a manutenção de outros menos rentáveis. Segundo ranking da Infraero dos aeroportos que mais crescem no país, o Galeão aparece na segunda posição, tendo recebido no primeiro trimestre deste ano 4,316 milhões de passageiros. Era o quarto no mesmo período do ano passado. A performance do aeroporto em termos de operações (pousos e decolagens) também melhorou, saiu da 8 colocação para a quinta. Confins é o quinto aeroporto que mais cresce no país, com 2,549 milhões de passageiros. Também está entre os dez, quando se compara a movimentação de aeronaves. O primeiro da lista é Guarulhos, seguido por Brasília, que fica em quarto lugar, e Confins, no sexto. Eles foram os primeiros a serem concedidos porque apresentam os maiores gargalos, que ,se enfrentados, podem a ajudar a resolver a situação em vários aeroportos brasileiros. A região de São Paulo já está saturada e Brasília funciona como centro de distribuição de rotas para o restante do país. Embora Salvador também venha crescendo forte (na sétima colocação), a avaliação do governo é que a Infraero tem condições de fazer os investimentos necessários. Para o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, ainda há tempo para fazer as melhorias necessárias para os Jogos da Copa se a concessão do Galeão for anunciada em breve: — É tudo o que o Estado quer. A Infraero tem muita obra lá, mas o concessionário privado tem mais agilidade. O professor da Coppe/UFRJ, Elton Fernandes, tem a mesma avaliação e argumenta que o aeroporto já tem uma infraestrutura pronta: — A área construída no Galeão é boa. O problema do aeroporto é gestão, conservação, manutenção e melhor aproveitamento dos espaços. A intenção inicial era prosseguir com o processo de privatização só depois das eleições, mas a presidente, depois de anunciar a mudança na poupança, um tema ainda sensível, não está preocupada com esse calendário, disse uma fonte. A orientação do governo é começar logo a investir Por outro lado, o governo quer passar a impressão para os passageiros de que a concessão vai resultar numa melhora imediata dos serviços. Para isso, os concessionários privados que vão assumir os três aeroportos já foram chamados à Brasília e orientados a fazer investimentos imediatos, antes mesmo das obras obrigatórias para a Copa. A ordem é melhorar a primeira impressão de quem chega aos terminais, com pintura e limpeza das instalações. Estão na lista de prioridades os banheiros, o sistema de ar condicionado, as escadas rolantes e elevadores, os estacionamento, além de e questões de segurança para inibir furtos e pedintes nas dependências dos terminais. A lista foi decidida com base em pesquisa de satisfação da Infraero. — Será uma virada de página na infraestrutura aeroportuária — disse ao GLOBO o secretário-executivo da SAC, Cleverson Aroeira.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

União terá dificuldades para impor novos sócios aos atuais consórcios

Valor Econômico 02/05/2012 Por Fábio Pupo | De São Paulo Depois de o governo expressar na segunda-feira, por meio da Secretaria de Aviação Civil (SAC), que é bem-vinda a participação de mais empresas nos aeroportos já leiloados, com o objetivo de fortalecer ou modernizar os projetos de infraestrutura, especialistas consideram que não há grande respaldo jurídico para o Planalto impor essa vontade - que seria exercida apenas de maneira "informal". A mudança poderia encontrar ainda mais entraves agora. Segundo Rodrigo Pinto de Campos, especialista em direito regulatório e infraestrutura do Aidar SBZ Advogados, a lei de licitações (8.666/93) impede mudanças de composição societária nos consórcios vencedores antes das assinaturas dos contratos, que estão previstas para o dia 25. "Um estranho [à sociedade] não pode assinar o contrato. Traria muita insegurança jurídica ao ambiente aeroportuário", afirma. O texto da SAC não deixa claro, no entanto, se o governo prefere que as novas empresas façam para da sociedade de propósito específico ou se bastaria que prestassem serviços. Esta última situação já está ocorrendo, naturalmente, no consórcio que venceu o leilão de Viracopos, com assistência técnica da Flughafen München, operadora alemã do aeroporto de Munique, e da Netherlands Airport Consultants (Naco), holandesa que elaborou vários projetos pelo mundo. O governo possui, segundo advogados ouvidos pelo Valor, meios de fazer isso de maneira "informal", pressionando as sociedades. "O governo poderia falar: 'para que as coisas caminhem bem, para termos de questionar toda e qualquer virgula no projeto de vocês [empresas], para que a Infraero se comporte de maneira alinhada, seria bom que trouxessem mais parceiros'" diz um advogado especialista no assunto, que, como outros, não dão assessorias aos vencedores dos leilões. Conforme a nota da SAC, o governo diz que vai fiscalizar com rigor as exigências nos contratos a serem firmados com as empresas vencedoras. O governo pode tirar a concessão de quem não cumprir as exigências. Mas caso queira adicionar algumas não previstas, poderá fazer após a assinatura, porém dentro de algumas condições. Pode alegar o chamado "interesse público" em casos bem objetivos, como a inclusão de novas obras. Nesses casos, ficaria obrigado a fazer também o chamado reequilíbrio econômico-financeiro. Ou seja, se alterar algo que reduza a rentabilidade do agente privado, terá de compensar de outra forma. Um exemplo é alongar a concessão. Para evitar complicações, tem como opção ceder parte de seus 49% de participação, que são da Infraero, dados espaço a novos integrantes. Ainda assim, precisaria do aval dos sócios majoritários das SPEs, diz Campos. "O edital fixa que a mudança societária pode ocorrer em qualquer momento após a assinatura dos contratos, mas tem de receber autorização da Anac nos cinco primeiros anos, caso não haja mudança de controle".